domingo, agosto 28, 2005

A luz que vem até ti…

Aqui estou, mais uma vez em missão, na escuridão, luzindo apenas à chama da vela.
Que propositadamente coloquei para me aconchegar, nestes momentos que retiro para meditar sobre mim e sobre tudo o que por Ele passo nestes dias de solidariedade com pessoas, jovens e crianças como eu.

Muito é o que se sente aqui dentro, quase incomparável com aquilo que conseguimos dizer… as letras vão formando as palavras, idolatradas por espaços que numa frase constroem o diário da minha vida, por uns dias, uns meses…, e quem sabe pela eternidade.

Num refúgio escondido, em mim, são tantas as emoções vividas em terras africanas. O pisar e caminhar sobre esta terra vermelha dá-me tanto prazer…que a vontade de andar descalço e sentir o seu calor conjuga-se numa grande nostalgia. Já nem interessa o pó, nem a roupa suja, nem a cara, o corpo… vermelho!

O dia amanhece, esquecendo o escuro do despertar, e a sonolência de um acordar. Acompanha na oração o rebentar do sol, que do seu esconderijo ressurge para dar visão aos que longas caminhadas matinais percorrem para guiar o rosto moçambicano no seu dia-a-dia.

Deixando as preocupações (perdidas num embarque) de lado, parto para o meu serviço, para o meu testemunho, para a minha missão, levando no meu espírito a partilha que levo para dar aos outros corações, e através dele reencaminhar esta grande paixão… o amar e servir os outros para além do que se vê, do que se possa falar, e do que se possa mostrar.

Nestes dias aconchegantes, em que esperando partilhar dos objectivos de Dom Bosco (Pai e mestre dos Jovens), olhamos para cada rosto, alegre ou triste, animando-o para que a sua alegria seja ainda maior… e que leve no seu coração, uma empatia com a libertação de contratempos e aborrecimentos, “coisas” que nos atormentam em cada dia.

Cada rosto, uma particularidade. Cada rosto, uma magia.
Cada olhar, uma feliz introspecção. Um observar repleto de emoções.

É nestes olhares, nestes rostos que em cada final de dia, vejo o sol se por…. E a luz viajar até aos outros, que também necessitados, lhes incrementa o espírito de solidariedade aculturado nos sentimentos constantes do ser, como eu… e como tu!

Porque a luz está em ti, e por ela chego até ti….
Porque viajando entre ondas e furacões, as metas podem alcançar-se
Expelindo-as pelo mundo, que está triste e cego aos marcantes detalhes.
Vai e leva, os rostos ofuscados aguardam-te como sinal do “Vamos”.

Pedro Barros
9 Agosto de 2005

Sem comentários: