terça-feira, agosto 30, 2005

Puros olhares





Quis reavivar a experiência e partir,
Meditar sobre a vida e reflectir,
Fui para longe e vi, como seria o ir.

Quis deleitar-me no olhar
De um povo magnífico no seu obrar.
Gozar o semblante e apreciar
A pura gentileza do seu caminhar.

Quis percorrer pedaços de imaginação,
E ver quão maravilhosa é a dedicação,
Da gente que labuta para ter um pão.

Quis examinar cada paixão,
Os puros olhares que encontrava
E Vi nas suas caras uma razão
Para levar a vida em missão.

domingo, agosto 28, 2005


No oratório na Namaacha!



Foi sem mais, uma alegria feliz, o simbolo da paixão
Uma cria contente da sua mistica e sua ilusão
Quero explorar o pouco do que tenho e voar,
Dar sentido aos rumos que me fazem chegar.
Chegar onde alcançar,e viver o mar,
Que pela sua imensidão me mostrou mais,
Mais do que algum dia esperava e espero encontrar.
A luz que vem até ti…

Aqui estou, mais uma vez em missão, na escuridão, luzindo apenas à chama da vela.
Que propositadamente coloquei para me aconchegar, nestes momentos que retiro para meditar sobre mim e sobre tudo o que por Ele passo nestes dias de solidariedade com pessoas, jovens e crianças como eu.

Muito é o que se sente aqui dentro, quase incomparável com aquilo que conseguimos dizer… as letras vão formando as palavras, idolatradas por espaços que numa frase constroem o diário da minha vida, por uns dias, uns meses…, e quem sabe pela eternidade.

Num refúgio escondido, em mim, são tantas as emoções vividas em terras africanas. O pisar e caminhar sobre esta terra vermelha dá-me tanto prazer…que a vontade de andar descalço e sentir o seu calor conjuga-se numa grande nostalgia. Já nem interessa o pó, nem a roupa suja, nem a cara, o corpo… vermelho!

O dia amanhece, esquecendo o escuro do despertar, e a sonolência de um acordar. Acompanha na oração o rebentar do sol, que do seu esconderijo ressurge para dar visão aos que longas caminhadas matinais percorrem para guiar o rosto moçambicano no seu dia-a-dia.

Deixando as preocupações (perdidas num embarque) de lado, parto para o meu serviço, para o meu testemunho, para a minha missão, levando no meu espírito a partilha que levo para dar aos outros corações, e através dele reencaminhar esta grande paixão… o amar e servir os outros para além do que se vê, do que se possa falar, e do que se possa mostrar.

Nestes dias aconchegantes, em que esperando partilhar dos objectivos de Dom Bosco (Pai e mestre dos Jovens), olhamos para cada rosto, alegre ou triste, animando-o para que a sua alegria seja ainda maior… e que leve no seu coração, uma empatia com a libertação de contratempos e aborrecimentos, “coisas” que nos atormentam em cada dia.

Cada rosto, uma particularidade. Cada rosto, uma magia.
Cada olhar, uma feliz introspecção. Um observar repleto de emoções.

É nestes olhares, nestes rostos que em cada final de dia, vejo o sol se por…. E a luz viajar até aos outros, que também necessitados, lhes incrementa o espírito de solidariedade aculturado nos sentimentos constantes do ser, como eu… e como tu!

Porque a luz está em ti, e por ela chego até ti….
Porque viajando entre ondas e furacões, as metas podem alcançar-se
Expelindo-as pelo mundo, que está triste e cego aos marcantes detalhes.
Vai e leva, os rostos ofuscados aguardam-te como sinal do “Vamos”.

Pedro Barros
9 Agosto de 2005