quinta-feira, junho 30, 2005

Formatar

[lacunas]

Como me apetecia formatar os documentos
Tristes constrangimentos de quem morre no poder,
Vangloriam-se da pobreza que contêm e talvez perder.

Como sinto necessidade de dizer verdades
Refutadas por mentes pobres de espírito, incutidas de irrealidades.
E continuam levando-se por coisas banais abandonando os demais.

Como pensam ter grandes coisas para decidir
Não chega a vergonha que bolem nos seus ramos
Murchos, por não ter água, e viverem secos.

Como estas mentes enfraquecidas suspiram certezas
De quem não vê os erros da sua grande epígrafe,
Ou simbolismos não chamados aos olhares firmados.

Formatar essas ladainhas tantas vezes escutadas,
Formatar essas lengalengas que já enchem recantos,
Formatar essas lacunas perdidas nas almas dos mais apagado
s.

terça-feira, junho 28, 2005

Pulé Pulé

Missa em Macomia, Moçambique


Pulé Pulé

Os ritmos africanos crescem
Avivam as recordações largadas
Entusiasmam os movimentos das
Ancas, e do corpo como sobem.

Pulé Pulé

Entra no espírito e deixa-te levar,
Baila aos sons naturais
Extraídos da magia demais
Que transmitem a quem se amar.

Pulé Pulé

Ui como aumenta a vontade,
Estimula os ossos e penetra no som
Cada passo dado, uma verdade,
Cada alegria, cada rosto, que tom.

Pulé Pulé

São os dias, as noites, dias de festa
Impartíveis, altamente contagiantes,
Um passo atrás, outro à frente, liberta
Uma corda balanceia aos ritmos quentes.

Pulé
Pulé
Pulé

domingo, junho 26, 2005

Onde errei!

Percorri pedaços de papel
Calcando-os para vos agradar,
Pensei que não tivesse sido em vão
Mas mais uma vez me enganei.

Esses pedaços de papel,
Sofreram por minha causa, que importa,
Já sofreram e eu perdi algo,
Essa minha ausência, deixou-vos.

Não queria ter-me enganado,
Pensei que fosse bom para vocês,
Desculpem a demora que vos causei
Já não consigo atrasar o tempo.

Senti-me muito mal,
Pelo esforço desperdiçado,
E ainda ver que não adiantou de nada,
Onde errei!



sábado, junho 25, 2005

Quis


Quis

Quis fugir às almas erróneas
Escapar aos males que zumbiam,
Quis esconder as ladeias
Ao ver as melancolias que atingiam.

Quis desrespeitar a ordem decorrente
Do normal imposto na atitude,
Quis partir, e assim caindo subsequente
A desdita de sonhar altitudes.

Quis conceber modernos ramos
E levar o crescimento mais além,
Quis desvendar quem somos
Nada mais, nada menos, excepto ninguém.

Quis sublinhar os traços da vida
Escalonar torres inverosímeis,
Quis subir, e encontrar a Saída,
Sumida, ao ver que me perdi.

quinta-feira, junho 23, 2005

Que publicar...

Um dia andava pela rua um senhor.. com alguma idade, vivia sozinho e as ruas para ele eram o seu consolo, a sua companhia.Não passava despercebido quando alguém andava pela rua, muitos o cumprimentavam, outros olhavam-o com desconfiança, indiferença.Mas ninguém perguntou porque estava ali... porque vivia assim... porque todos os dias estava no mesmo sitio... nas mesmas horas...E a sua familia? Os seus filhos... netos? Onde estão eles... ?

O senhor, raramente falava com alguém, ele não gostava muito de falar com as pessoas... diz que são muito falsas... interesseiras e sem compromisso para com a vida que tem.Que não aproveitam cada momento que podem usufruir. Que não vivem o verdadeiro sentido da vida... Pois afinal.. quem somos nós? Um ser para a morte, um ser que vem à terra, vive e depois parte?

Porque será que ninguém lhe perguntou que fazia ali? Um acontecimento infeliz?

Ninguém alguma vez tinha tido a coragem de o perguntar...

Foi assim, que um dia um adolescente que costumava passar por ele, teve ousadia, e cumprimentou-o. O adolescente viu nas suas palavras uma doçura incrivel, uma massagear de movimentos. No entanto, um olhar triste cobria toda aquela personalidade.... frágil e débil.

Apresentando-se o jovem, este perguntou-lhe porque todos os dias ele, o senhor, permanecia ali sentado olhando a rua, aparentemente sem nenhum significado. O senhor, inquietado com a pergunta, ficou surpreendido ao saber que alguém notava o que todos os dia fazia.
A bondade do adolescente, fez-lhe crescer um olhar amável no canto dos seus olhos... e o lacrejar de uma lágrima.

O senhor matando a curiosidade daquele adolescente explica-lhe o significado da sua permanencia todos os dias por ai...
Sabes, jovem, eu sempre gostei de viver aqui... nesta cidade... com a familia que tinha, a minha esposa, a minha filha... infelizmente já não as tenho comigo, perdi o meu sentido de vida e as duas pessoasque amei em toda a minha vida, eram elas a razão do meu despertar...

Um dia... em viagem, iamos os três, de carro quando deparámo-nos com um acidente, e nós não esperando, seguia-nos um camião que não conseguiu controlar a velocidade e travar a tempo,e assim, ficámos por debaixo do camião... sem possibilidades de nos mexer.
Por momentos pensei que aquilo nao me tinha acontecido, e que tudo era um pesadelo. De volta á realidade, noto que a minha mulher e a minha filha estavam encravadas de ferros...sem se poder movimentar.E eu sai ileso.... desatei a chorar.... chamei por eles... para ver se me respondiam... e nada.... comecei a temer o pior.... voltei a chamar e nada... já estava todo derretido em lágrimas.... Foi o pior momento da minha vida... ver os seus corpos sendo retirados do carro... e nós que não tinhamos culpa no acidente.

Isto... para te dizer que foi aqui, nesta mesma estrada para a qual olho todos os dias... para a qual recordo todos os dias o pior momento da minha ... tentando enfrentá-lo e encará-lo. Queria esquecer.. mas é impossivel... tantas vezes coloco a questão... porque não por outra estrada? porquê a mim? como me podem roubar a minha alegria de viver desta forma?
O jovem ficou sem palavras, chorando, sem pronunciar uma única letra...

Pois.. que cada um sinta que tem um guia... um anjo,.. que nos desperta, nos roga, nos faça relembrar histórias como esta.

domingo, junho 19, 2005

Como escorrem...


Como escorrem...

As minhas lágrimas,
Por ver que não sou daqui,
Quero partir e dar tudo de mim.

Jamais alguém saberá o que sinto
O que passo e o que escondo,
Mas quero sair e partilhar o que tenho.

Porque insisto em seguir,
Porque me deixo guiar pelas mentalidades,
Tenho vontade de ir.

Quero largar tudo...
Esconder-me no vermelho
E viver a intensidade do Amor.

Quem pensa que sabe
Quem pensa ousar brincar com isto
O sofrimento cresce e os anos demoram a passar.

As minhas pedaladas inverosímeis,
Deixam-me de rastos pelo socalcos,
Que imponho seguir por e pelos outros.

Este desespero de me concretizar
E de levar por águas
A minha grande aventura.

Deixem-me ir,
Parem de me prender
Quero partir para longe.

quinta-feira, junho 16, 2005

Pingos de Lágrimas!

Subindo as escadas deparas-te com o olhar,
O olhar de quem já te viu e de quem te espera ver.

Agarrando o varão permaneces estancado,
Sentindo a segurança que te invoca alcançar.

Mudando de pé, alterando o compasso,
Vais devagarinho, rastejando, pelas lágrimas.

Enxaguado de pingos que tilintam,
Escorrendo pedaços de sofrimento em vão.

Pisando sobre as tuas águas, foste abandonando-as,
Limpando-as sobre mantos e prantos, elas se desvaneciam.

Os pingos de lágrimas que lamentaram ser vistos,
E os viveiros do olhar que se ofuscam no olhar.

E ias alcançando a lágrima, o lençol de pingos,
Uns Pingos de Lágrimas que abatem-se sobre ti.

Deixa! (2)

Deixa que o olhar voe,
Deixa que rime ao som do vento.

Que desfrute das lirias encontradas...
Em campos tão verdejantes!

Deixa que a chuva caia,
E renasça sobre as invejadas paradas.

Descobrindo o ritmo do véu,
Que caindo sobre passos, vai avançando.

Deixa que o vento leve bem alto,
O movimento do além (a)mar.

segunda-feira, junho 13, 2005

Deixa!

Pele manuseada
O abandonar,
O desacreditar,
O menosprezar,
O descair,
O perder,
O desencontro,
O prisioneiro,
O desesperado,
O imperdoável,

O silêncio...
... o silêncio,
Evapora-se na tua alma,
Dissipa-se pelo ar
E refugia-se nas nuvens

Deixa subir... deixa fugir..
Deixa encontrar-se...Ou talvez perder-se.

Deixa subir... deixa subir..
Deixa amar-se...
E espalhar aos outros o seu amor.

sexta-feira, junho 03, 2005


Por onde vais...

Por onde vais...

Os meus pés flúem demais,
Quanto eles caminham, devorando
Os pedaços terráqueos pranteados,
E ademais.

Os meus pés seguem o percurso,
Torneado pelo destino ansiado,
E desbaratando florestas sem uso,
Encontrando o sabor almejado.

Os meus pés rastejam
Pelo peso que carregues,
Pela tristeza que lamentam
Deixando-se caírem em caves.

Os meus pés reconfortantes,
Descansam sobre as mantas,
Fazem circular o veneno da vida,
E dormem contentes.

quarta-feira, junho 01, 2005

A luz do olhar

A luz do meu olhar cresce,
Quando de manhã resplandece
Fugaz a sua subtileza, vigia,
E por sombras descansa sua alegria.

Rolando por cumes, absorvendo,
A ira dos que moram em bando
Olhando uma luz que mora,
Vive, e percorre quem ora.

Nas demonstrações constantes,
Escondes-te e deixas as luzes
Crescerem por essas nuvens brancas,
Imaginando os olhares que enxugas.

Uma liberdade que chora lágrimas
Aos gomos que derramam as tristezas
Corroendo os diferentes auxílios
De uma alegoria que voa sobre rios.

Invasão ubíqua do olhar,
O que ele difunde e faz brotar
Por uma retina que dá a visão da vida
Uma humanidade insensibilizado de ávida.